terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um vidro, outra vida.

Saí, de fato, mais cedo hoje, mas tarde para pegar o ônibus no bairro onde estudo, porém não tão tarde pra pegar uma carona e um outro ônibus na rodoviária.

Fui como de costume lá para os bancos da frente, pois sabia que aquele ônibus iria encher.
E foi enchendo.

Não reparava em nada com exceção da música que ouvia nos fones e nas chamas distantes nas construções da csn, com o vidro fechado, até que, pelo reflexo, vejo uma mulher parar em pé, de frente para onde eu estava. Do meu lado, uma senhora mais velha se oferecia para segurar a bolsa dessa mulher, que, pelo que imagino, tem entre 25 a 30 anos. Linda. Linda demais.
Olhei enquanto pude de frente, de cima a baixo, mas acho que a correria e minha desatenção atrapalharam, e logo o ônibus voltou a se mover, e eu olhei pro outro lado. O lado do vidro.

E foi por ele em que reparei, de fato, nesta mulher. Olhos escuros, um certo tom sombrio na maquiagem. Pele branca. Pálida. Aparentemente lisa. Cabelos pretos longos, beirando a cintura, com um cheiro delicioso. Roupa também preta, longa. Aparentemente uma empresária. Relógio e acessórios visívelmente caros. E a roupa longa e séria não impedia que seus atributos fossem admirados.

Me perdí naquele reflexo, admirando cada detalhezinho daquela mulher. Os traços no rosto. Um pequeno corte perto dos lábios que me deixou imaginando o motivo por um bom tempo. O pescoço branco, chamando. Até notar que, pelo mesmo vidro, ela olhava pra mim também. E foi assim, durante 10, 20, talvez 30 minutos. Muitas vezes o contato se perdia, e ela tornava a olhar para o vidro, para ajeitar o cabelo, e me procurava com os olhos, enquanto eu fazia o mesmo.


E ela desceria antes de mim. Ainda pelo vidro, ví ela puxar a corda para dar o sinal.

Já havia desanimado, mas ela tornou a encontrar meu olho. E me deu um sorriso espetacular.
Que foi prontamente, instantâneamente, retribuído.
E com os olhos acompanhei ela descer do ônibus, ainda sorrindo.

Ganhei o dia.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Capítulo IV - Caráter, Amizade.

Nas últimas 3 postagens, escreví coisas diferentes, porém todas relacionadas ao meu jeito de ser, e como esse meu jeito me faz me sentir tão diferente. Pois agora, vou escrever sobre algo que fiz essa semana, algo que diz respeito ao caráter de uma pessoa, que diz respeito a amizade em seu sentido pleno, e decisões. Sim, aquelas que sempre são complicadas.

Até poucos dias atrás, existia uma pessoa que se dizia meu "amigo". Durante quase 20 anos. E "amigo" de muitos dos meus AMIGOS também. Uma pessoa que já havia feito coisas extraordináriamente estúpidas, pisado em cima de mim e de outros amigos também. Uma pessoa que, desde sua primeira namorada há anos atrás, traía, e era pra cá que vinha, choramingar, depois, com medo de perder a namorada. Até que eu mandei ele se fuder com essas coisas e ele não veio mais pra cá por essas coisas. Mas sempre me contava. Ou contava pra outros, que contavam pra mim. Eu sempre fui uma espécie estranha de "psicólogo" pra todos os meus amigos, pois gosto de ouvir quem precisa. E as merdas dele vinham no pacote, digamos, como um "bônus".

Meu ódio por mentiras e traições sempre foi grande, e cresce a cada vez mais. Muita gente no meu lugar já teria acabado com essa "amizade", porém não o fiz porque ambas as famílias se conhecem, e isso causaria certo desconforto. Nunca conversava com as namoradas dele e evitava conhecer, pra não dizer algo que acabaria com tudo. Até o ponto em que a atual namorada foi direta comigo, depois de muita enrolação, e me perguntou se estava sendo traía, ou se tinha sido. Ela me deu o tempo que precisei pra confirmar, e contei das 3 ou mais vezes que sim, tinha sido. Não tem jeito, esse sou eu, e eu não consigo mentir. Daí ela sumiu e esse "amigo" veio falar as asneiras de sempre no meu ouvido. Babau, já foi. Ele mentiu novamente pra ela, mas já estou limpando meu nome.

O que eu acho impressionante é saber, das pessoas que conversei, que elas nunca fariam o mesmo. Porque "não é da conta delas". Porque "se meter em problema de casal não convém". Porque "nessas situações é melhor fingir que não se sabe de nada". Porque isso e porque aquilo.
E felizmente ví a pessoa que atualmente levo em consideração como meu melhor amigo, por entender tão bem minha essência, e faço questão de citar o nome, RODRIGO FRANCO, um sinal de que, mais uma vez, fiz o certo. E em outro amigo também, que se dispôs a confirmar toda a situação pessoalmente, se fosse preciso.

Esconder algo que se sabe pra proteger uma amizade falha, pra ajudar a criar um caráter nojento, pra "se proteger" de julgamentos como "linguarudo", traídor, entre outras coisas, como sei que tem pessoas pensando em mim dessa forma agora, criando cada vez mais um vínculo de amizades que, em sua essência, são distorcidas e incompletas, esconder algo que se sabe, e deixar uma outra pessoa SOFRER, é ser UM GRANDE HIPÓCRITA, isso sim. Não é "ser esperto", não é "ser safo", não é querer se proteger de um mundo difícil em que vivemos. É ser um grande covarde.

E ouví de pessoas próximas, MUITO próximas, que "não se deve sair falando por aí o que se sabe". É óbvio que existe um limite. É óbvio que tem gente que morre por isso. Mas sempre que eu tenho a verdade guardada comigo, e ela precisa ser dita, pelo bem de alguém, ela vai ser dita. Sempre. E faz parte da amizade dizer a verdade.

Sou muito feliz com os grandes amigos que tenho.

E pra pessoa "próxima" que citou a frase logo a cima, mais específicamente a minha querida mãe a quem tanto amo, vou retribuir com uma frase de Galileu Galilei, em 1633, condenado pelo tribunal do Santo Ofício a SE CALAR, apenas por continuar a apoiar a teoria de que a terra se movia:

" - Eu não me sinto obrigado a acreditar que, o mesmo Deus, que nos dotou dos sentidos, da razão e do intelecto, tenha tido a intenção de que esquecêssemos o seu uso. "



Um obrigado a todos que leram, e que me entendem.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Desejos...

Chega a ser estranho como eu sou frequentemente lembrado dos meus desgostos pela vida...

Hoje enquanto fazia meu lanche na faculdade e observava as pessoas, como de costume, ouví o grupo que sentava na mesa ao lado conversar sobre as mulheres da sala deles. Sobre o par de seios enormes de uma. E a bunda de outra. E as pernas de outra. E até mesmo de uma possível combinação de todas elas. Como se estivessem montando um time de futebol, mas sem pontas... (fazer trocadilhos nos meus textos acabam com a seriedade deles, mas, ignorem! ...). E depois querendo os resultados. Querendo uma imaginação.

Quase engasgando com o meu simplório pastelzinho de frango, peguei minha garrafinha de coca e fui sentar num banco de madeira longe dalí, da cantina, das pessoas, de frente pra uma sala ainda em aula, em silêncio. Por alguns minutos fixei meu olhar no nada, e acabei meu lanche. Aí sim, pude fechar tranquilamente meus olhos e por alguns instantes mergulhar no pensamento que sempre me salva de tudo. A pessoa que amo.

Eu não posso ser hipócrita e dizer que não tenho desejos. Sim, tenho.

Não sou nenhum puritano em busca de santidade. Mas até mesmo em meus desejos eu busco um significado.

E aí penso em como eu amo você por completo. Em como eu gostaria de acariciar, beijar, sentir o cheiro, admirar, e na falta de controle ou até mesmo por brincadeira, morder, cada pedacinho do seu corpo. Um corpo vivo, que respira, que ama, que sente. Um corpo que eu desejo amar infinitamente e calorosamente, não apenas por me sentir atraído por cada partezinha dele, mas por nele, existir você.

E nos meus pensamentos você existe cada vez mais.
Assim como no meu coração.

Olhares...

Hoje me encontro perdido em pensamentos... tão distantes daqui.
Tão distantes quanto os olhares que recebi hoje.

Olhares de preconceito. Olhares acompanhados de risadas... Olhares de julgamento.
E tudo que eu conseguia fazer, era responder com um olhar vazio...

Por vezes me perco num olhar de desejo...
E me pergunto o que é que levou esses olhares embora das pessoas?
Porque é tão difícil olhar um ao outro com ódio, com amor, com paixão, com desejo?
Porque virar a cara se tornou mais fácil?

Talvez as pessoas precisem entender que também existe prazer no medo...
Na ansiedade do encontro dos olhos...
No tremor do corpo e do coração quando qualquer movimento é feito...
Assustador? Talvez...

Não nego meu desejo de transformar esse mundo abarrotado de frescuras
Num lugar mais humano.
Onde a boca fala o que o cérebro pensa, e o que o coração sente.
Onde todo esse medo seja só o começo da brincadeira.

Não nego o veneno do escorpião, que domina minha alma.